KARL X CHARLES Pt. 1


Durante cerca de 64 anos, de 1818, nascimento de Marx, a 1882, morte de Darwin, o mundo contou com a presença simultânea de dois dos maiores pensadores de sua história.

Ousaram dar explicação a temas de abrangência universal: um, à diversidade de formas de vida existentes no planeta; outro, à diversidade de formas que a sociedade humana pode assumir.

Independentemente de qualquer análise crítica, as teorias, propostas na segunda metade do século XIX, tiveram impacto imediato e fizeram sentir sua força ao longo do século seguinte.

Poder-se-ia supor que os modelos propostos revelassem semelhanças, afinidades, legitimação mútua. Poder-se-ia esperar que houvesse contatos, colaboração, comentários recíprocos, não apenas entre seus formuladores, mas também entre seus seguidores.

Em algum momento, Marx chegou a vislumbrar nas teorias darwinistas uma fundamentação na chamada História Natural para sua concepção materialista dialética da História (Humana).

Darwin, ao contrário, não parece ter se impressionado ou particularmente interessado pelas teses marxistas. Talvez porque não pensasse a evolução das espécies como um aperfeiçoamento inevitável, em uma direção previsível, em um processo de certa forma predeterminado. Preferia o termo “seleção natural”, como no título de sua obra máxima: “A Origem das Espécies por Meio da Seleção Natural, ou Preservação das Raças Favorecidas na Luta pela Vida”

Por esse motivo, dou preferência ao termo “darwinismo”, evitando a conotação algo positivista do termo “evolucionismo”

O desenvolvimento e os desdobramentos do pensamento de cada um seguiu caminhos próprios, não resultando em síntese ou confronto significativos.

Atualmente, o poder explicativo das teses marxistas encontra-se debilitado pelo fato de que, apesar de amplamente debatidas, revistas, reformuladas, seja no seio acadêmico, seja no campo político e ideológico, não terem incorporado respostas para o fracasso histórico do socialismo real.

Já o darwinismo, apesar de amplamente difundido como visão de mundo subjacente às sociedades modernas, ressente-se de não ser levado às últimas consequências, por ter ainda que coexistir, na consciência coletiva, com a visão de mundo criacionista.

A esse respeito, ressalto que a dificuldade acometeu o próprio Charles Darwin: abandonar o criacionismo sem abandonar a ideia da necessidade de existência de um ser criador.

Admitindo não ter conhecimento profundo de uma ou outra obra, pretender fazer uma crítica ao pensamento marxista a partir de uma ótica darwinista é, sem dúvida, uma grande ousadia.

Ainda maior por acreditar estar suscitando questões que, apesar de me parecem óbvias, inclusive em suas consequências, reputo inexplicavelmente inéditas.

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