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Lula e Bolsonaro

Não se trata de um post sobre a política brasileira atual. Não há espaço para isso neste blog sobre ideias.

Tampouco interessa-me a polarização sobre qualquer assunto e o título diz Lula e Bolsonaro, e não Lula x Bolsonaro.

O que pretendo é propor uma reflexão sobre uma determinada hierarquia que imagino deva ser observada tanto entre as ideias e como entre aqueles que as concebem e defendem. Assim como há ideias grandiosas e também mesquinhas, haverá pessoas mais ou menos relevantes.

As grandes ideias somente são assim percebidas, em sua plenitude e importância, sob uma perspectiva histórica. Podem até já nascer taludas, a depender do tempo e das circunstâncias a que servem de resposta, mas podem também nascer pequenas e crescer à medida em que permanecem puras, intactas, válidas e aplicáveis por séculos a fio.

Grandes ideias, enfrentando e sobrevivendo à inexorável erosão dos séculos, inspiram grandes homens e mulheres a desempenhar feitos notáveis e admiráveis, bem como servem de referência e agrupam pessoas a seu redor.

Tomemos o exemplo da democracia Americana. Os ideais libertários, igualitários e humanitários que a infirmaram, enunciados e defendidos à época, continuam fazendo-se ouvir, pois ainda são invocados, com legitimidade, propriedade e coerência pelos atuais líderes, sem deixar de fazer referência e prestar reverência aos líderes que no passado os definiram.

Já no Brasil, o que vemos? Um país em que o culto à personalidade é tão forte, não cultua a personalidade e as ideias de nenhum vulto histórico?

Será que não existe alguma ideia na nossa história cuja grandeza seja reconhecida por toda população como ideal a ser defendido com afinco ou ninguém que possa ser identificado como o personagem histórico que a tenha concebido ou defendido?

Serão Lula e Bolsonaro os fundadores da nossa Pátria?

Man, we were stupid and contagious!!! – Pt. 4

We hadn’t much time for she really had to be up early so we had our sandwiches at Gorilla’s and I drove her home.

We were talking about how we didn’t really mingle with each other’s crowd. And that it might have prevented it for such a long time, but finally, we got something happening.

So, we went back to talking about how we felt for each other from the start, I told her I was sure something would eventually come up between us.

She said I looked different from everybody else in the pack and tried to explain in what ways.

I got flattered, especially when she pointed out that, just like her, I was not to be seen around with someone, as in an actual, solid relationship. I mean, it was much more noticeable and surprising that she was mostly alone, being so beautiful and charming, than me, being so normal and quite sloppy, as her friends used to refer to me, she admitted, confirming my suspicions.

I told her I was totally, massively impressed by the way she totally draw attention, everywhere, and how she had no problem with that. She seemed to be always in control, she was the star of the show, and played that role with amazing grace.

We managed to keep our romance out of sight and when it was over, nobody would believe it ever happened. I dream about those days and it’s so real, so strong, that I wonder if they were not only dreams all the memories I keep from those days.

Man, we were stupid and contagious!!! – Pt. 2

I had a few drinks and shared some laughter with Eleanor’s friends but I really didn’t dig the whole scene. Most of them didn’t even noticed when I raised a timid toast announcing I had to leave but couldn’t hide their surprise when she asked me to wait a minute because she was leaving too. Before any suspicion gained terrain among those minds, none of which really friendly towards me, Eleanor explained she had a flight early in the morning.

“What now?” she asked me as we were leaving.

What about grabbing a sandwich at Gorilla’s?

“You really like Gorilla’s?”

Yeah, they’re just fine. Do you like Dead Kennedys?

“No, not really, but why are you asking me?”

“You really like gorillas” is the first line of one of their songs, one of their best songs…

She picked the book and read the dedication once more. “These all come from lyrics, am I right? Is it supposed to make any sense? You’re not jumping in anybody else’s train, you know I’m not committed to anybody, if that’s what you meant. Or did you mean jumping in my train? well, as you know, I don’t stay put in a relationship…”

Yes, I know. Jumping in your train, as I thought, was like to sneak into your life so we could travel a bit of the road together. Pardon me, I have this thing going on, like I think through the lyrics of the songs I listen to…

“Or books you read? Why this book, what is it you’re suggesting, sexual enlightenment or experimentation?”

No, nothing about books. I don’t even read them anymore. I read through some of the pages of this one. You were talking to Susan last time at Johnny’s, she said she doesn’t like it, when people give her perfume, that it is a very personal choice. You said you feel the same about books.

“So what?”

You were using Anaïs Anaïs…

Man, we were stupid and contagious!!! – Pt. 3

The next time we met we were back where we first crossed paths, about a year ago, and finally had some real conversation only a month earlier.

Although she wasn’t strange at all to the place, if it was a match I would say I had home advantage.

But only because I used to clock-in daily, I mean nightly at the place, while she was to be seen and recognized all over the city. Sometimes I was among the first to arrive, sometimes I stayed until closing time. Not scarcely both.

We arrived early at the same time that day. There was another couple but they were finishing a late lunch and then we had the room completely to ourselves. Nonetheless I took the usual table, in the back, around the inner corner.

I was on time and so was she. I guess the smile we shared comprised our mutual approval for that. Not for the sake of punctuality, but for some silent agreement on the necessity of having some time alone just the two of us.

Another thing I remember was some exchanges of looks among the waiters and the fact that only Wally “the Gator” came to our table and sounded unnaturally respectful. I liked that.

As I said she was not as regular as myself, but she knew all the waiters and was known by them all. I’m sure she noticed they were kind of happy to see us together, like wondering if we were “together”.

After a few moments we were back to our previous conversation, like we hadn’t been a whole week apart.

Man, we were stupid and contagious!!! – Pt. 1

… but I know what I will find and I will never shed a tear, if not for you.

With this line in my mind and a copy of Anaïs Nin’s A Spy in the House of Love in my hand, a supposed well-thought-out approach, in several senses and to its fine details, I prepared my move, trying to make real what every guy else doesn’t even dared to dream.

I held it discreetly as I entered the bar, not to sound snooty. That was the biggest risk I took. Many, many of the regular customers of that clip joint were really rather snobbish.

That was a fine line and I treaded it gracefully. The book felt naturally in my hands even when I used it to point her a vacant table.

We left the counter and as soon as we sat down, before she had the time to ask about it, which she surely would do the next thing, I wrote down those somewhat enigmatic lines right on the front cover.

By the time she had read them, the table was already crowded. So she slipped the book into her purse.

Rótulos (Tags)

Uma alternativa à censura na Internet

Assim como em quase todo campo de atividade, a pandemia fez sentir seus efeitos escancarando deficiências, expondo assimetrias, revelando desregulamentação da comunicação por meio das mídias digitais.

Em breves considerações, ponderei que devem ser rediscutidas com profundidade e responsabilidade, por todos os setores da sociedade questões como: princípios da liberdade de pensamento e liberdade de expressão; qualidade do conteúdo; responsabilidade pelo conteúdo veiculado. https://pensaaquicomigo.com/2020/08/08/o-ambiente-dos-meios-de-comunicacao-digital/

Já existem filtros pelos quais as diversas plataformas buscam evitar conteúdos difamatórios, atentatórios a moral e aos bons costumes e à própria liberdade de expressão, que façam apologia ao crime, racistas, sexistas, xenofóbicos…

Fato é que existe uma zona cinzenta entre a disponibilidade da rede para emissão de opiniões pessoais e a vedação àqueles discursos socialmente reprovados.

Uma alternativa à censura de conteúdos por alguma instância reguladora, que pode favorecer o autoritarismo antidemocrático, é o fortalecimento do senso crítico dos usuários, evitando repassar conteúdos inadvertidamente.

No entanto, a facilidade de criar e repassar conteúdos tem exacerbado outra característica da interação pelas redes sociais: apesar de não ter controle absoluto sobre o conteúdo que lhe é despejado diariamente, seja por algoritmos ou por outros usuários, usuário se vê tentado a emitir opinião sobre tudo e o pior, de bate pronto, sem tempo de aprofundar seu conhecimento sobre os assuntos.

Imagino que um dia poderemos utilizar a soma das opiniões expressas pelos usuários que produzem e disseminam conteúdo digital para garantir legitimidade e veracidade ao conteúdo vinculado.

Isso seria possível se o conteúdo fosse rotulado de acordo com uma série de critérios a ser definida e que depois seriam verificados pela comunidade, por meio de um mecanismo como blockchain.

Inicialmente, estes rótulos, que seriam escolhidos pela pessoa que publicasse ou repassasse o conteúdo, poderiam pelo menos identificar o assunto tratado de modo que usuários pudessem acionar filtros para eliminar assuntos que não lhe interessam. Nuances de opinião ou direcionamento poderiam também ser explicitadas previamente pelos rótulos.

Também poderia ser mais difundida a customização da escolha e recepção de determinados tipos e formatos de arquivo, permitindo esse bloqueio de vídeos, fotos, gifs, memes, figurinhas a critério do usuário.

Providências como estas poupariam tempo do usuário e tráfego de dados indesejáveis na rede.

Ética de pandemias: ser pago para não trabalhar

Muitas das noções associadas ao comportamento ético ou virtuoso tem origem na forma como os indivíduos encaram e desempenham as atividades necessárias à sobrevivência.

Isto é fácil de entender se compreendermos que a sobrevivência do indivíduo é obtida pari passu com a sobrevivência do grupo de que faz parte.

É considerado virtuoso aquele cujas atitudes contribuem para o bem-estar coletivo, em última análise, aquele capaz de sacrificar parte de seus esforços, e do resultado obtido a partir destes esforços, pela sobrevivência de outros da espécie.

Tais atitudes são rotuladas de altruístas, ao passo que são consideradas egoístas aquelas em que o indivíduo ignora a necessidade de seus semelhantes, tratando apenas das suas próprias ou, no máximo, das do seu grupo familiar restrito.

Esse padrão ocorre em todas as espécies vivas, como parte central do mecanismo da evolução. O sucesso evolutivo reflete, entre outros fatores, a harmonia conseguida entre as atitudes que visam a sobrevivência do indivíduo e as que favorecem a sobrevivência do grupo.

Nos seres humanos, isso era mais visível quando mais primitivos, quando a maior parte das atividades restringia-se à luta para manter-se vivo e sequer havia o conceito de trabalho.

Os seres humanos primitivos obtinham o necessário à sobrevivência diretamente do mundo natural, numa imagem que, não fora a escassez, em muito assemelhar-se-ia à descrição do Jardim do Éden da tradição bíblica.

Neste contexto, abrir mão de parte dos recursos obtidos, compartilhando-os com os semelhantes, bem como participar ativa e comprometidamente das atividades coletivas levadas a cabo para obtê-los, são os comportamentos sociais a partir dos quais se forjaram conceitos como moral, ética e virtude.

Em algum momento, surge o conceito de trabalho, aplicado a uma parcela das atividades humanas. Por motivo de concisão, não divagarei sobre isso neste momento.*

Apenas vislumbremos a evolução da espécie humana como a diversificação de suas atividades. Embora cada vez menos imediatamente identificáveis com a busca pura e simples de recursos para a sobrevivência, a maioria das atividades humanas visa sim, em última instância, garantí-la.

E o fato é que na atual conjuntura, várias áreas da atividade humana estão sofrendo restrições impostas no interesse do bem da coletividade.

Expressas em leis, emanadas do poder público em plena vigência do Estado democrático de direito, estas restrições atingem liberdades individuais, entre as quais o direito ao livre exercício profissional e impactam desigualmente as atividades, com base na sua essencialidade e nos níveis de risco potencial de contaminação delas decorrentes.

Parece justo que a coletividade, que se busca proteger com tais medidas, se organize para garantir alguma renda e, consequentemente, a sobrevivência das pessoas cujas atividades estão sendo proibidas.

Para encerrar por ora, importante salientar que nem toda medida deve ser de iniciativa dos entes governamentais e que, mesmo quando assim seja, não se trata de benesse distribuída por critério da autoridade, mas sim de expressão da solidariedade social, insculpida no ordenamento jurídico, que não apenas autoriza, mas determina a atuação estatal.


  • Alguma reflexão acerca do conceito de trabalho me ocorreu e pretendo desenvolvê-la: tipos de trabalho, essencialidade, valoração e valorização. Possivelmente trará cores para o assunto deste post.

X é culpado pela 100 mil mortes pelo coronavírus no Brasil?

A resposta para essa pergunta é NÃO, para qualquer valor de X.

Nem o próprio coronavírus pode ser acusado com toda certeza de ter causado todas as mortes a ele atribuídas, que dirá uma pessoa qualquer.

Pergunta de má-fé, visa apenas obter a resposta pronta de quem é contra ou a favor X, não acrescenta informação nenhuma apenas exacerba a polarização em torno de X.

Trata-se de pesquisa do Datafolha, veiculada há pouco pela Folha de SPaulo, mas nem vale a pena colocar o link aqui.

O sarrafo e a natureza humana

Em algum momento no futuro, ao abordar o tema controverso da natureza humana, vou apoiar-me na ideia de que a diferença entre a espécie humana e as demais é a capacidade de transformar os recursos que encontra na natureza.

Uma que outra espécie desenvolveram habilidades neste sentido. Pássaros constroem ninhos com uma diversidade de materiais, abelhas fazem bonito, produzem a cera com que constroem a colmeia. Castores constrem diques com troncos de árvore que serram com os dentes para essa finalidade, pinguins constroem iglus com gelo.

No entanto, é bastante limitada a capacidade de qualquer espécie, exceto a humana. Geralmente limita-se a um só talento, restrito a melhorar sua alimentação ou a abrigar-se, mas fundamental ao seu sucesso evolutivo, ou seja, à sua sobrevivência enquanto espécie.

Os ancestrais da raça humana, por sua vez, ao criarem os primeiros artefatos, desencadearam um processo em que a evolução tecnológica retroalimentou a evolução biológica e foi por ela retroalimentada, acelerando sobremaneira o conjunto.

Pois bem, alguns dos primeiros artefatos foram, com certeza, pedaços de galhos, de troncos ou raízes de árvores, materiais lenhosos, gravetos, pedaços de pau… Podemos dizer sem medo que o sarrafo esteve conosco durante toda a evolução da espécie, tendo sido essencial para chegarmos onde estamos.

Em homenagem pois, e em reconhecimento à sua importância e à sua onipresença na história da humanidade, à sua confiabilidade e insuperável poder transformador, mesmo em era de tecnologias digitais sofisticadas, vou lançar mão dessa peça de apelo nostálgico neste blog.

Em breve, na seção BAIXANDO O SARRAFO, vou render-me à tentação de opinar contra as impropriedades mais absurdas que tomar conhecimento.

Baixarei o sarrafo à esquerda e à direita, indistintamente, procurando ater-me a casos sintomáticos, de comportamentos recorrentes, de comprovada má-fé ou prática política deplorável.

Pinguins constroem iglus com blocos de gelo? Você não deixou passar batido essa, né??